sexta-feira, 11 de junho de 2010

Depoimento

Percebi pela manhã, numa manhã chuvosa de outubro de 2009 que a liberdade é só! Só como a morte. Ouvia o tempo como respiração, que fugia, escapava. Precária vida! Numa luta corpo a corpo com o mundo que não consiguia ver e entender, me lancei num momento curioso e cego, beirando a loucura. Frio. Entrei num espaço estranho, como se estivesse no útero que me fez. Fui anotando tudo, escrevendo para estampar minha vida com letras, palavras.
Perplexa eu via a minha visão dela. A vida.
Sem saida entrei no seu âmago, percorri artérias, músculos, ossos, membranas, células, fui junto com Deus, de mãos dadas, como numa onda reconstrindo tudo, sua respiração, seu coração, seu cérebro espatifado, convulsionado. Decidi renascer voce e não descansei um segundo.
Removemos seus edemas, seu espírito. Pedi socorro, por pura e simples inexperiência. Inexperiência por sofrer o suplício da dor perigosa, uma trave transpassada na alma, invisível, insensível. Aí, de repente ALGUEM chega estendendo a mão silenciosa, trazendo sustentação, aconchego. Deus!!Eu sentia que não estava só. Permaneci no extremo do mundo perplexo. Como se fosse susto, ou espanto, fiquei muda e quieta. Leve lucidez de um mundo à parte. Loucura útil. Um mundo onde o sofrimento, o desencanto e o medo são flashes, luminosos mundos. Um mundo que se inventa para viver. Coseguir viver. Não me esforcei para alcançar esse espaço fictício, Deus fez isso, faz. Ele nos leva embora, nos deixa plena, planando num horizonte sem fim. Pois o sofrimento não tem tamanho, é insuportável, insustentável, absurda dor.
Hoje quero paz, riso, leveza, mas sei que a qualquer momento , numa lembrança, as lágrimas seguramente virão.
NOTA: Nada será esquecido, mesmo que já os tenha perdoado -os tres jovens agressores- farão com que ao me lembrar daqueles momentos, eu me torne incapaz de não chorar. Tornou-se parte de mim aqueles meses de dor, mas os quero mais! No entanto, tenho que confessar: eu precisava mesmo era dar, em cada um, só um "belo" tapa na cara. Depois olhar dentro de cada um e desejar que vivam muito, muitos anos e não se esqueçam de mim. Pena que a verdade seja outra, que justiça não tarda porque falta e não existe, que só mesmo a mão de Deus pesará sobre eles e elas...

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